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A nova era da Indústria 4.0 no Brasil

Avanço em pesquisa, mão de obra qualificada e preços mais acessíveis ajudam a difundir fábricas inteligentes pelo País

Nas linhas de produção, sensores fiscalizam em tempo real o desempenho das máquinas e avisam quando o nível de fabricação oscila. Na área de montagem, peças marcadas a laser com códigos de barras carregam dados que contam de onde vieram, do que são feitas e para onde vão. Enquanto isso, scanners de área e cortinas de segurança monitoram áreas de produção, emitem sinais de alerta e controlam máquinas quando há risco de acidentes para os operadores humanos.

A indústria não está alheia à era das informações digitais. Sensores, marcadores a laser, soluções de cloud, big data e uma infinidade de outras tecnologias criam uma via expressa de dados entre o chão de fábrica e os tomadores de decisões. Essa nova dinâmica de trabalho melhora o fluxo e facilita o entendimento, permitindo que os dados gerados nas linhas de produção sejam coletados, manuseados e disponibilizados através de ferramentas inteligentes. Os gestores tendo acesso a estas informações, certamente serão mais assertivos para otimizar custos de produção, agilizar processos, evitar desperdícios, reduzir erros e aumentar a segurança. Equipamentos e máquinas funcionam em rede com sistemas de alarme, e-mail, SMS e aplicativos de smartphones.

Desde que as fábricas começaram a incorporar meios de produção baseados em sensores, na década de 1950, esses equipamentos passaram por profundas transformações. Hoje, são considerados a base para a evolução da Indústria 4.0. Graças aos sensores, leitores de códigos de barras, coletores de dados, equipamentos de segurança e de codificação, pudemos evoluir as linhas de produção e gerenciar todo o processo de forma automática e on-line: fazer a contagem e endereçamento de materiais, controlar o maquinário para segurança dos operadores, medir a pressão, a temperatura, além de diversas outras utilidades.

Indústria 4.0 no Brasil 

No cenário ideal da indústria, linhas de produção operam com 100% da capacidade em períodos ininterruptos, parando apenas para manutenções preventivas. O mercado brasileiro, mesmo ainda caminhando a passos mais lentos, vem mostrando apetite para se aproximar dessa realidade.

Uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 27% das indústrias do País utilizam automação com sensores. O percentual parece modesto, mas já revela um maior interesse do empresariado por tecnologia industrial, sobretudo nos segmentos automotivo, farmacêutico e de alimentos. Com a economia instável, empresários perceberam que investir nas fábricas para produzir mais com menos é regra básica para não perder competitividade. A mesma pesquisa apontou que 54% dos entrevistados buscam reduzir os custos operacionais e 50% querem aumentar a produtividade.

A mão de obra nacional também se valorizou. Se dentro de casa nos acostumamos com crianças que já nascem conectadas à tecnologia, nas fábricas o fenômeno é semelhante. Operadores se preparam cada vez mais para os desafios da Indústria 4.0, formando uma geração de profissionais multidisciplinados. Cabe ressaltar que o investimento em pesquisa e desenvolvimento também vem aumentando, movimento essencial para deixar as ferramentas mais didáticas e visuais, passíveis de serem operadas por qualquer pessoa com noções básicas de sistema operacional.

A democratização ao acesso é outro fator determinante para difundir as tecnologias. À medida que a indústria descobre novas aplicações para os produtos, os preços diminuem e tornam o mercado mais convidativo para novos players. Em um passado recente, leitores e sensores eram privilégio restrito a grandes empresas. Hoje, a nota de corte para implementar soluções inovadoras está no tipo de produção e não mais nos preços. Qualquer empresa automatizada tem condições de utilizar os equipamentos, sejam elas grandes, médias ou pequenas.

O Brasil é por natureza um dos países mais avançados no uso da tecnologia, dada a diversidade de nossos consumidores e a busca constante dos profissionais da indústria para se adaptar às mudanças e oferecer velocidade e precisão nos processos de fabricação. A evolução natural, que começou com as máquinas a vapor, continua com as máquinas conectadas virtualmente, sendo fácil afirmar: o impacto da Indústria 4.0 é um caminho sem volta.

* Diretor de vendas da Datalogic na América Latina
Escrito ou enviado por  Virgilio Amaral